Em meio ao caos violento da vida urbana nacional, uma leitura belicosa da Bíblia justifica o tratamento truculento das contradições e problemas sociais. É o que mostra Bruno Paes Manso, em seu livro “A fé e o fuzil”.
Do Velho Testamento emergia a autoridade superior, infinita, onipresente, onisciente, que criou o universo e estabeleceu uma série de regras a serem obedecidas pelos descendentes de Abraão e do povo de Israel, afirma o autor.
A aliança divina entre o povo de Deus e seu criador garantia o triunfo dos que obedeciam e o castigo aos que desacreditavam. Deuteronômio 32,41-42 é particularmente explícito: “Embriagarei minhas flechas com sangue e minha espada devorará a carne, sangue dos mortos e cativos, das cabeças cabeludas do inimigo.”
O episódio bíblico da invasão de Jericó por Josué costuma ser muito citada. É nele que Deus autoriza o assassinato de velhos e crianças para poder governar por intermédio de reis e profetas comprometidos com suas leis.
O apóstolo Paulo instrui os crentes a permanecer em estado de alerta contra o inimigo que nos afasta de Jesus. O inimigo interno, dentro de nós, mas também o externo.
As passagens bíblicas também podem servir para justificar as execuções sumárias. Em Êxodo 22,1: “Se um ladrão for surpreendido arrombando um muro, e sendo ferido morrer, quem o feriu não será culpado do sangue”.
Não à toa, as bancadas da Bala e da Bíblia são aliadas permanentes no Congresso Nacional. Integraram os mesmos partidos do Centrão que apoiaram Bolsonaro.
O Jesus fraterno e pacifista da Teologia da Libertação foi silenciado e cancelado, conclui Manso.
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Pois é, não fica difícil entender os matadores profissionais no meio de evangelhos.
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