“O jornal não é apenas um propagandista coletivo e um agitador coletivo; é também um organizador coletivo. A esse respeito, pode-se compará-lo aos andaimes que se levantam ao redor de um edifício em construção”.
O trecho acima está no livro “O que fazer”, de Lênin. Essa metáfora diz muito sobre as concepções organizativas defendidas por Lênin. O “andaime” de uma organização revolucionária não eram cargos em parlamentos, governos e direções sindicais, nem doações eleitorais ou contribuições dos filiados. É verdade que alguns desses recursos nem estavam ao alcance da esquerda socialista que atuava na Rússia czarista, dominada por um regime extremamente autoritário e com uma vida parlamentar e sindical muito frágil. Mas a questão central não era esta.
O fato é que a única força material com que podem contar os socialistas revolucionários é a capacidade organizativa dos explorados construída a partir das muitas formas de sua luta contra o capital. Depender de estruturas do Estado, aparatos burocráticos ou do mercado é caminho certo para a cooptação, destruição ou ambas.
Um jornal ou um instrumento equivalente de comunicação é fundamental para disputar a hegemonia com as classes dominantes, ao mesmo tempo em que organiza as forças dos explorados e oprimidos.
Mas nada disso deve ser encarado como uma receita. O próprio Lênin considerava datadas várias propostas apresentadas em “O que fazer”. Para ele, elemento fundamental e permanente era é o que já afirmava Marx: “A emancipação dos trabalhadores só pode ser obra dos próprios trabalhadores”. Por isso, o mais importante, dizia Lênin, é que o jornal revolucionário precisa ser feito para e pelos trabalhadores.
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Organizações independentes do estado é o paradigma que persegue a cabeça dos revolucionários faz tempo, e não vejo nada nesse sentido, assim como um veículo de informação e aglutinação.
ResponderExcluirSim, muito difícil. Mas acreditemos na dialética de luta de classes
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