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17 de setembro de 2024

A assinatura do Antropoceno com firma reconhecida

Especialistas a serviço do capitalismo fóssil têm uma concepção muito particular e distorcida sobre o Antropoceno. Segundo eles, as atuais crises ambientais devem-se a fatores que remontam a centenas e até milhares de anos atrás

Desse modo, as crises ambientais não seriam resultado de ações humanas recentes, como a queima de combustíveis fósseis, mas um fenômeno causado pela disseminação gradual da influência da humanidade sobre a paisagem. O Antropoceno teria a mesma idade do Homo Sapiens.
 

Mas a atividade humana deixou várias assinaturas em sedimentos geológicos que desmentem essa hipótese. São minerais e tipos de rochas que refletem a rápida disseminação global de novos materiais como alumínio, concreto e plástico. Os registros desses elementos, conhecidos como “tecnofósseis”, somente são encontrados em camadas sedimentares surgidas em meados do século 20.

Além disso, perfurações profundas em geleiras permanentes obtiveram amostras de 100 mil anos atrás ou mais. Foram encontradas elevadas concentrações de chumbo de gasolina, nitrogênio e fósforo de fertilizantes, além de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis. Elementos inexistentes antes do século passado e cuja presença na natureza aumentou muito desde os anos 1950.

Os especialistas antiambientalistas omitem que os resíduos que envenenam enormes extensões do planeta não poderiam resultar de seu lento acúmulo por milhares de anos. São resultado do ritmo acelerado e destrutivo de uma industrialização à base, principalmente, de combustíveis fósseis.

As informações acima estão no livro “Enfrentando o Antropoceno”, de Ian Angus, e mostram que o Antropoceno com sua catastrófica crise ambiental tem a assinatura do capitalismo. Com firma reconhecida e tudo.

Leia também: A primeira quase catástrofe do Antropoceno

2 comentários:

  1. Mas, Sergio, me diga uma coisa, OK que é da época do capitalismo, mas os inventos e descobertas da humanidade são dela, seja qual for o sistema existente em determinado período. Onde quero chegar? Se existisse qualquer outro sistema, assim como existiram outros, esses avanços da humanidade existiriam. O que acho que deve ser observado, é como essas criações da humanidade foram usadas de maneira ruim no capitalismo, pela sua própria essência. Onde quero entender? O petróleo existiria, e com certeza trouxeram a trarão malefícios para sociedade, até que ponto o sistema capitalista é realmente responsável por isso?

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    1. Então, como afirmava Marx, o conceito de modo de produção não diz respeito ao que se produz, mas a como se produz. Petróleo existe há milhões de anos, e por milhares de anos foi utilizado para iluminação e lubrificação. O alumínio sempre existiu na natureza, mas era utilizado pelos egípcios e babilônios apenas para fazer cosméticos. Plástico era só um conceito aplicado a qualquer material de fácil moldagem.

      Que o petróleo, o alumínio, o plástico, o carvão tenham se tornado veneno ambiental tem a ver com a necessidade do capitalismo de manter altas taxas de lucros acima de qualquer outra prioridade. Por exemplo, e se viéssemos a usar o petróleo ou o carvão em uma sociedade diferente da do capitalismo, uma sociedade solidária, justa e racional do ponto de vista humano? Esses recursos até poderiam ser usados, mas para movimentar grandes redes de transporte público no lugar de automóveis e caminhões particulares com um impacto ambiental que poderia ser bem menor. Mesmo assim, provavelmente já teriam sido substituídos em favor do bem coletivo. O que é impossível de acontecer sob o capitalismo.

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