Doses maiores

5 de setembro de 2024

O PIB e a ditadura do Banco Central

O PIB brasileiro cresceu acima do esperado, “superando as expectativas do mercado”. Esta notícia mereceu grande destaque nos jornais, recentemente.

Mas, talvez, superação de “expectativas do mercado” possa ser traduzida por frustração de seus desejos. Não é que o “mercado” torça contra o governo Lula. A torcida é contra qualquer número que envolva crescimento econômico e, principalmente, diminuição do desemprego. Fatores que fortalecem os trabalhadores nas negociações salariais.

O pretexto é o combate à inflação. Alegam que economia aquecida estimula o consumo. Como a produção costuma não acompanhar esse aumento, o resultado seria aumento de preços. O jeito, então, seria elevar os juros para encarecer o crédito, provocando queda do consumo, diminuição do emprego e da massa salarial.

Tudo isso é um claro exemplo das inversões típicas da economia política do grande capital. São exatamente os juros altos que ajudam a impedir a produção de acompanhar o aumento da demanda.

Mas não há nada de novo nisso tudo. Quem determina a taxa de juros é o Comitê de Política Monetária, do Banco Central. E quem faz parte desse comitê? Meia dúzia de pessoas cujos nomes não são revelados, mas, certamente, são gente de confiança do capital financeiro.
 
Além disso, a principal fonte de informação utilizada pelo Banco Central é o relatório Focus. Este documento também é elaborado por instituições do setor privado que ninguém sabe quais são. Mas, provavelmente, são as mesmas a quem interessa manter um dos juros mais altos do planeta.

Enquanto isso, a cada quatro anos, elegemos o governo que vai se dobrar com menos ou mais docilidade à ditadura financista do BC.

Leia também: O comitê secreto que manda no País

3 comentários:

  1. E por que não aumentar a produção? Pergunta de um ignorante total de economia.

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    1. Aí pra entrar nessa questão é muito pano pra manga. Sou daqueles que acha que a produção insuficiente tem a ver com a queda tendencial da taxa de lucro.

      Tem uma pílula em que falo sobre ela:

      Com a crescente utilização da automação nas atividades produtivas, os lucros de quem a utiliza são enormes. Mas a taxa de lucro, não.

      A automação leva ao descarte de trabalho humano. Mas é dele que o capitalismo extrai o excedente que possibilita o lucro.

      Máquinas são trabalho morto. Não geram valor novo. O lucro resultante delas vem do valor produzido por seus produtores: alguns poucos técnicos e engenheiros.

      Unitariamente, os produtos ficam mais baratos. Mas por incorporarem menos trabalho humano, geram uma taxa de lucro menor. É a chamada queda tendencial da taxa de lucro, descoberta por Marx.

      https://pilulas-diarias.blogspot.com/2019/09/5g-o-lucro-pede-mais-velocidade.html?m=1

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    2. A atuação dessa lei inibiria o aumento da produção para atender a demanda total da sociedade, uma vez que não seria acompanhada por um aumento correspondente na taxa de lucro.

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