Em seu livro “Enfrentando o Antropoceno”, Ian Angus lembra que, certa vez, Marx comparou o progresso capitalista àquele "ídolo pagão hediondo, que não beberia o néctar senão dos crânios dos mortos".
Essa incapacidade do capitalismo de criar sem destruir, afirma o autor, corre como um fio vermelho pela obra do grande revolucionário alemão. Mas nem ele poderia imaginar o quão extrema essa contradição se tornaria.
O Antropoceno é algo nunca visto na história do planeta, diz Angus. As mudanças que ocorreram antes, não importa quão extensas ou destrutivas, não causaram “mudanças significativas na estrutura ou funcionamento do Sistema Terrestre como um todo.”
Não é que haja vários focos de destruição ecológica espalhados pelo mundo. A catástrofe ambiental é sistêmica, planetária. São tempestades, furacões, incêndios, ondas de calor e de frio nos vários continentes. Além das cada vez mais frequentes epidemias ameaçando se transformar em nova pandemia. Até o equilíbrio das camadas geológicas mais profundas está ameaçado pela exploração de petróleo e gás usando a técnica do “fracking”.
Nenhum desses fenômenos respeita fronteiras ou trará consequências mais amenas para países ou regiões menos poluentes. Ao contrário, muitos deles afetarão principalmente as nações menos industrializadas e ambientalmente sujas.
Segundo o autor, o Antropoceno também é um território desconhecido. Ninguém pode assegurar qual será a dimensão dos efeitos das pesadas intervenções promovidas pela humanidade sob o domínio do capital. Um sistema cuja sanha por lucros para poucos está colocando em risco a vida da grande maioria explorada e oprimida.
Eis porque é preciso seguir aquele “fio vermelho” da obra marxista para rompermos definitiva e radicalmente com o capitalismo.
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