"Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi em bets em agosto”, segundo uma análise feita pelo Banco Central divulgado pela Agência Brasil. O valor corresponde a 20% do total mensal pago pelo programa.
Enquanto isso, um estudo da Unicef mostra que 22% dos adolescentes entrevistados afirmam ter apostado em jogos de azar pela primeira vez aos 11 anos ou menos. A maioria começou aos 12 anos ou mais (78%).
Em junho passado, o Ministério Público de São Paulo identificou perfis de influenciadores mirins, entre 6 e 17 anos, que promovem sites de apostas disponibilizando links de acesso para crianças e adolescentes. Com destaque para o malfadado jogo do Tigrinho.
Notícia estampada hoje no Globo: “Campeonatos de ‘cortes’ organizados desde dezembro pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB), e que seguiram em atividade na campanha à prefeitura de São Paulo, renderam a ele até 650 milhões de visualizações nas redes sociais por edição”.
Os elementos acima parecem ser sintomas de uma terrível epidemia social sem outra explicação, além da malandragem de aproveitadores da fé popular em jogos azarados. Mas o neoliberalismo é sério candidato a causa determinante da doença. Uma forte evidência é recente decisão do Tribunal Superior do Trabalho, afirmando que a Uber promove a “gamificação do trabalho”, ao premiar ou punir os prestadores de serviço como em um videogame.
Sob o império do neoliberalismo, a competição assumiu valor absoluto, desbancando definitivamente valores como solidariedade e colaboração. O jogo deixou de ser a atividade lúdica que reforça a coesão social para se tornar uma disputa selvagem buscando a eliminação sumária de adversários.
Leia também: O nome do jogo é fascismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário