Segundo Marx e Engels, a transformação da quantidade em qualidade é uma lei do funcionamento dialético da realidade. Por exemplo, a água permanece líquida até que atinja 100°C, quando se torna gasosa. Ou seja, pequenas mudanças se acumulam, criando uma complexidade cada vez maior, até que um estado mude repentinamente para outro, radicalmente diferente.
Na história das sociedades, tensões sociais e econômicas podem se acumular gradualmente até que uma onda revolucionária imponha uma nova ordem social, qualitativamente diferente da antiga.
Em seu artigo “A tara secreta dos capitalistas digitais”, publicado recentemente, Douglas Rushkoff afirma que, tal como “os primeiros cientistas empíricos negaram qualquer aspecto da natureza que não pudesse ser quantificado, os atuais reducionistas digitais tentam negar qualquer aspecto da experiência humana que não possa ser quantificado como código”.
Mas esse fenômeno, diz ele, já podia ser identificado com o surgimento da especulação financeira. Ainda segundo Rushkoff, o verdadeiro salto ocorreu quando os operadores financeiros foram substituídos por algoritmos capazes de executar negociações em uma taxa e volume além da capacidade cognitiva humana. “Esses mercados de derivativos tornaram-se tão dominantes que a Bolsa de Valores de Nova Iorque foi comprada por sua própria bolsa de derivativos em 2013”, afirma.
O fato é que a essência do capitalismo é a ditadura do valor de troca sobre o valor de uso. Desse modo, suas mudanças quantitativas jamais dão origem a um estado qualitativamente diferente. Suas contradições e mazelas acumulam-se indefinidamente e vêm arrastando a humanidade para o colapso social, ambiental, econômico, cultural e sanitário.
Apenas duas transformações qualitativas se apresentam como possibilidades: a revolução socialista ou a barbárie.
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