Há uma década, dois aviões de passageiros foram jogados contra as torres gêmeas em Nova Iorque. Há 38 anos, aviões militares jogaram bombas no Palácio La Moneda, em Santiago do Chile. Em ambos os casos, atos de terror que nada pode justificar. De um lado, quase 3 mil mortos. De outro, a única vítima conhecida foi Salvador Allende, presidente eleito por seu povo.
Mas no caso do Chile, o ataque partiu de sua própria classe dominante. E o alvo foi uma construção que quase sempre serviu de sede para seus representantes mais fiéis. Mesmo assim, os generais não tiveram qualquer pudor em ordenar o ataque. Ato amplamente aprovado pelos poderosos de todo o mundo.
Allende foi corajoso até o último momento, mas nunca pensou em transferir o poder às organizações de trabalhadores. Eram os “cordones”, que começavam a controlar fábricas, comércio, transportes e outros serviços. Uma resposta popular à sabotagem dos empresários. Allende preferiu confiar nos homens de seu governo. Entre eles, o general Augusto Pinochet.
O episódio inaugurou uma das ditaduras mais sangrentas da história recente. Mostra como a classe dominante não vacila ao menor desafio a seu poder. Tais demonstrações voltam a acontecer em escala bem menor, mais frequentemente do que parece. Basta observar como a polícia de choque trata grevistas e manifestantes, aqui e no mundo todo.
Processos revolucionários raramente são resultado somente de ações violentas. Já a reação da burguesia não precisa de revoluções para se mostrar cruel e covarde.
Leia também: Inglaterra e Chile colhem tempestade
Nenhum comentário:
Postar um comentário