Este contingente costumava ser formado por peões de fábrica e outros trabalhadores braçais. Mas isso vem mudando. É o que indica, por exemplo, a antropóloga Regina Novaes em artigo publicado na revista Carta Capital, em 14/09. Referindo-se à participação da juventude em revoltas na Espanha, Chile e Inglaterra, ela diz:
...quando se procura o que há em comum entre o que está ocorrendo com os jovens dos três países evidencia-se a falência do casamento entre educação e trabalho.Ou seja, os jovens capacitam-se profissionalmente. Graduam-se nas universidades, mas não encontram lugar no mercado de trabalho.
Ainda na década de 1860, Marx afirmou que “a indústria moderna” faz da ciência uma “força produtiva”. Não estava referindo-se diretamente aos portadores de diploma de seu tempo. Naquela época, ainda parte de uma elite. Mas sua afirmação ajuda a explicar a atual situação da juventude diplomada.
O capitalismo precisa cada vez mais de força de trabalho com formação científica. Mas é incapaz de absorver todos os que saem das universidades. O resultado é mais desemprego, mais pressão sobre os que estão empregados e mais contradições. Entre elas, o retorno da juventude rebelde às praças e ruas.
Algo que teve sua primeira explosão em Maio de 68. Naquele momento, uma das frases pichadas nas paredes dizia: "O patrão precisa de ti. Tu não precisas dele". Quando a maioria entender isso, o exército de reserva poderá se voltar contra seus comandantes.
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