Em seu livro “Sociologia do negro brasileiro” (1988), Clovis Moura disse que “um negro diretor de uma multinacional é sociologicamente um branco”. Não é uma vitória contra o racismo. É uma rendição aos padrões vigentes de dominação e exploração.
Pela primeira vez, um negro preside a maior potência mundial. Dilma foi a primeira mulher a abrir Assembléia Geral da ONU. Segundo os critérios de Moura, Obama embranqueceu. Já o feito de Dilma, não pode ser considerado uma conquista da luta feminista.
Mulheres no poder não são necessariamente uma boa notícia. Lembremos o monstro neoliberal chamado Margareth Thatcher. Ou a atual chanceler alemã, Angela Merkel. Comparadas a elas, Dilma tem verniz de esquerda. Mas é maquiagem que logo se deixa borrar.
Na ONU, Dilma puxou a orelha dos países ricos. Usou como exemplo sua própria fidelidade à disciplina fiscal. A mesma que vem empurrando a economia mundial para o abismo. Também condenou a contenção de gastos receitada pelo FMI. Como se ela mesma não tivesse acabado de cortar R$ 50 bilhões no orçamento federal, atingindo serviços públicos.
É verdade que a presidenta defendeu o Estado Palestino. Mas trata-se de posição anterior ao próprio governo Lula. Por fim, Dilma ainda defendeu a liberdade de atuação para os monopólios da grande mídia. A seu favor apenas a demonstração de orgulho por ter lutado contra a ditadura.
Diante disso, melhor lembrar outra mulher. Simone de Beauvoir disse que ninguém nasce mulher, torna-se. Em nossa sociedade, tornar-se mulher significa sofrer com a intolerância machista. Contra esta, surgiu o feminismo. A favor, a rendição. Dilma é mais um exemplo desta última.
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