Os bancários estão em greve desde 27/09. Até meados dos anos 1990, as paralisações do setor afetavam bem mais o cotidiano das pessoas. Desde então, seus efeitos vêm diminuindo. Uma das razões disso é o elevado índice de automação no setor.
O conhecimento necessário para contar dinheiro, efetuar um pagamento, descontar cheques, fornecer saldos e extratos foi incorporado pelos meios eletrônicos. Isso diminuiu o poder de pressão das greves. Por outro lado, levou ao fechamento de centenas de milhares de postos de trabalho.
Esse processo é bem mais antigo do que parece. No início do capitalismo, um empresário de calçados, por exemplo, dependia do saber e do ritmo de trabalho do sapateiro que trabalhava para ele.
Quando as primeiras máquinas começaram a fabricar sapatos, aquele saber do sapateiro começou a ser incorporado a elas. À medida que as máquinas fabricavam sapatos mais rápida e integralmente, mais os sapateiros tornavam-se ser meros operadores de alavancas, produzindo no ritmo das máquinas.
Um dos resultados desse processo é o desemprego estrutural da atual fase do capitalismo. Uma situação em que a classe trabalhadora perde poder de pressão. Faz com que os trabalhadores concorram entre si ao invés de combater seus patrões.
No caso dos bancários, o reajuste real dos salários do setor foi de apenas 3,6% entre 2004 e 2010. Enquanto isso, os seis maiores bancos brasileiros lucraram mais de 20% só no primeiro semestre de 2011.
Portanto, a maior parte dos enormes lucros dos bancos não vem dos juros que cobram e das operações financeiras que monopolizam. Vem da superexploração de seus trabalhadores. Daí, a justeza da greve.
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