O Movimento pelo Passe Livre anunciou que deixará de organizar as manifestações que vêm varrendo o País há vinte dias. Entre os
motivos, estaria a crescente influência conservadora nos protestos. Referem-se à
agressão a militantes partidários e sindicais. Ao surgimento de reivindicações como
a redução da maioridade penal e o fim da política de cotas raciais e sociais
nas universidades.
É muito preocupante que
o principal organizador das manifestações esteja se retirando. Os penetras ameaçam
tomar conta da festa e transformá-la numa “rave” conservadora e violenta.
Apesar disso, as forças de esquerda devem continuar a apoiar e participar dos
protestos. A grande maioria participa de modo despolitizado. Mas abandoná-la à
influência de ativistas de direita será ainda pior.
No entanto, a esquerda tem grande
responsabilidade no que está acontecendo nas manifestações. A que está no governo,
por aliar-se aos setores mais conservadores e abandonar lutas históricas. A Reforma
Agrária é um grande exemplo. A exigência histórica foi arquivada em nome de alianças
com os latifundiários do agronegócio. Sumiu de tal modo que não conseguimos
fazê-la aparecer nas atuais manifestações.
A esquerda que se opõe ao governo
também cometeu erros terríveis. Nos partidos, refém do calendário eleitoral. Nos
sindicatos, dedicando-se a disputar o controle dos aparelhos. Todos distantes do
trabalho organizado nas bases. Da organização cotidiana da luta. Nos desmoralizamos
a ponto de sermos expulsos de manifestações que estaríamos dirigindo uma década
atrás. Culpar a direita golpista é fácil e inútil. Ela está aí para isso. E nós,
estamos aqui para quê?
A ressaca se aproxima. Precisamos
aliviar seus efeitos.
Leia também: Uma festa com penetras
perigosos
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