Doses maiores

19 de junho de 2013

Uma festa com penetras perigosos

As multidões que tomam as ruas das cidades brasileiras merecem todo o apoio e comemoração. Mas as forças conservadoras disputam os rumos do movimento. A começar pela grande mídia, que tenta impor algumas verdades pouco verossímeis.

Não é verdade que não há organização por trás das manifestações, por exemplo. O Movimento Passe Livre organiza atos e protestos há dez anos. Mas é verdade que o aumento das passagens já não é a única preocupação das multidões nas ruas. Como alguém já disse, “nossos vinte centavos são as árvores de Istambul”.

Pode-se dizer que aconteceu algo parecido com os movimentos das Diretas-Já e Fora Collor. Elas também simbolizavam um descontentamento mais amplo que seu alcance aparente. Surgiram por iniciativa de setores do PT e da CUT, mas as multidões que atraíram não eram “comandadas” por uns e outros. Fosse assim, Lula teria sido eleito em 89 ou em 94.

Uma diferença importante nas atuais manifestações é a ausência de PT e CUT entre seus organizadores. Ao contrário, estão entre os alvos dos protestos. A chegada dos petistas aos governos matou seu ânimo militante e desarmou os cutistas. Implicou sua adesão quase sem restrições à lógica intolerante do Estado.

Tudo isso deixa as forças conservadoras muito à vontade. Elas também estão nas ruas. Incentivam e aproveitam-se do sentimento antipartidário para fortalecer seu grande partido de classe. Levar o povo às ruas continua sendo fundamental. Mas é preciso que as forças de esquerda vençam a disputa pelos rumos de suas ações.

A festa continua bonita, mas há penetras perigosos. 

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