As multidões que tomam as
ruas das cidades brasileiras merecem todo o apoio e comemoração. Mas as forças
conservadoras disputam os rumos do movimento. A começar pela grande mídia, que tenta
impor algumas verdades pouco verossímeis.
Não é verdade que não há
organização por trás das manifestações, por exemplo. O Movimento Passe Livre organiza
atos e protestos há dez anos. Mas é verdade que o aumento das passagens já não
é a única preocupação das multidões nas ruas. Como alguém já disse, “nossos
vinte centavos são as árvores de Istambul”.
Pode-se dizer que aconteceu
algo parecido com os movimentos das Diretas-Já e Fora Collor. Elas também simbolizavam
um descontentamento mais amplo que seu alcance aparente. Surgiram por iniciativa
de setores do PT e da CUT, mas as multidões que atraíram não eram “comandadas”
por uns e outros. Fosse assim, Lula teria sido eleito em 89 ou em 94.
Uma diferença importante nas atuais
manifestações é a ausência de PT e CUT entre seus organizadores. Ao contrário, estão
entre os alvos dos protestos. A chegada dos petistas aos governos matou seu ânimo
militante e desarmou os cutistas. Implicou sua adesão quase sem restrições à lógica
intolerante do Estado.
Tudo isso deixa as forças conservadoras
muito à vontade. Elas também estão nas ruas. Incentivam e aproveitam-se do
sentimento antipartidário para fortalecer seu grande partido de classe. Levar o
povo às ruas continua sendo fundamental. Mas é preciso que as forças de
esquerda vençam a disputa pelos rumos de suas ações.
A festa continua bonita, mas há penetras perigosos.
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a frustração vira ação
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