O capitalismo se distingue
pela separação entre produtores e meios de produção. Mas a dominação burguesa também
separa a classe dominante dos meios de repressão que servem a seus interesses. Os
patrões não precisam pegar em armas contra aqueles que se revoltam. O Estado
faz isso por eles. Isso dá ao Estado uma enganosa aparência de isenção e
neutralidade.
Mas há ainda outra
particularidade capitalista. Alguns mecanismos de dominação estão distantes do controle
estatal. É o caso da grande mídia, sob domínio de poucos e poderosos patrões. Isso
também torna os meios de comunicação aparentemente neutros e objetivos. Permite
aos patrões em geral criticarem abertamente os governos, mesmo quando estes
vivem a proteger seus interesses.
Às vezes, isso dá errado. Ontem,
13/06, por exemplo, editorial do Estadão pedia que a polícia agisse “com maior
rigor do que vem fazendo” contra os “baderneiros” do movimento pelo passe livre.
No mesmo dia, o editorial da Folha fazia comentários irônicos sobre uma “suposta
brutalidade da polícia”.
No final do dia, sete
repórteres haviam sido atingidos por balas de borracha da PM em São Paulo. Dois
deles levaram tiros no rosto. O circuito de poder entre forças de repressão e
forças de convencimento ideológico sofreu um curto.
O tom da cobertura começou a
mudar. A grande imprensa precisa aparentar neutralidade novamente. Chamar os
ocupantes do poder à razão. Não se trata de assumir o lado dos manifestantes, mas
de ajustar os mecanismos de dominação.
Aos movimentos populares cabe
continuar forçando situações como estas. Até para que falsos democratas mostrem
aonde chega o cumprimento das cordas presas a suas coleiras.
Perfeito! Estava sentindo falta nas pílulas de uma palavra sobre este assunto. Muito bem colocada o seu comentário sobre este assunto. Já tinha pensado, não passava de hoje, se não soltasse uma pílula, eu ia cobrar.
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