Em 11/04, o portal “IHU
On-Line” publicou entrevista com Maria Aparecida Aquino. O tema foi “A Justiça
Militar no regime autoritário brasileiro”. O depoimento é muito esclarecedor e
vale a leitura. Mas entre as informações que a professora da USP apresentou, há
uma que não surpreende.
Segundo a entrevistada, os
estudantes representaram a maioria entre os mortos e torturados pela ditadura
militar. A justificativa fajuta de seus carrascos seria o maior engajamento
desse setor nas mobilizações de resistência à ditadura e na luta armada.
Mas, como diz a professora, o
PCB, por exemplo, decidiu claramente pela resistência pacífica à ditadura.
Mesmo assim, seus militantes viriam a ser perseguidos, com o fuzilamento do comitê
central do partido, além do assassinato de Wladimir Herzog e Manuel Fiel Filho.
O que pouca gente sabia até agora
é que, pelo menos, oito mil indígenas foram mortos pela ditadura. É o que
revelam dados levantados pela Comissão Nacional da Verdade. O massacre aconteceu
durante obras do governo em terras indígenas, como as estradas abertas na
Amazônia. Mas também por doenças, trabalho escravo, trabalho infantil, torturas
e prisões irregulares.
A responsável pelo
levantamento é Maria Rita Kehl. Em entrevista ao caderno “Prosa” do Globo, ela disse
que a situação atual dos índios é “muito parecida com a da ditadura”. “Morrem
caciques, lideranças locais, e os crimes nunca são apurados, ninguém é
condenado”, afirma. Os responsáveis são principalmente os setores ligados ao
agronegócio.
A impunidade do passado se
encontra com a do presente. Mas esta última conta com a vergonhosa cumplicidade
de antigas vítimas da ditadura.
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