Nunca ficou tão claro o
caráter racista e antipopular do aparato policial brasileiro. A situação faz
lembrar aquela que levou à criação do Partido dos Panteras Negras nos Estados
Unidos, em 1966. São famosas as imagens que mostram seus integrantes portando
armas e erguendo os punhos para exigir poder para os negros, o “Black Power”.
De armas na mão, os Panteras
patrulhavam as ações dos policiais. Mas seus fundadores jamais defenderam o confronto aberto ao
aparato policial. Ao verificarem abusos, se limitavam a exigir que a lei fosse respeitada
por aqueles que deveriam zelar por seu cumprimento.
Ao agir desse modo, os
Panteras não cometiam nenhum crime. Apenas invocavam a segunda emenda da
constituição dos Estados Unidos, que dá direito a qualquer cidadão de portar
armas para sua defesa.
Um dos fundadores da organização
foi Bobby Seale. Em seu livro “Seize the Time: The Story of the Black Panther
Party and Huey P. Newton”, ele chega até a defender a criação de uma polícia de
caráter comunitário.
O perfil militar dos Panteras
era um modo de atrair a juventude e as lideranças populares para sua principal proposta:
a educação política e a auto-organização dos explorados. Entre os programas criados
por eles, estavam o café da manhã gratuito para crianças, as “Escolas da Liberdade”,
clínicas gratuitas de saúde e cooperativas de habitação.
Os Panteras Negras combinavam
legalidade armada com disputa de hegemonia. Desta combinação também fazia parte o combate a quem defendia um racismo negro contra brancos. Para eles, a questão
central era de classe.
É fundamental conhecer melhor
esta importante experiência da esquerda mundial.
Leia também: O
racismo que não paramos de regurgitar
Sérgio as experiências dos outros dois líderes estadunidenses da década de 60( Malcolm x e martin luther king) podem ser consideradas de classe e não apenas do movimento negro?
ResponderExcluirSturt, até onde sei, o corte classista do ponto de vista do enfrentamento mais aberto contra a ordem só foi defendido por Malcolm X, ainda assim perto de sua morte. Dizem que King também começava a achar que uma radicalização que opusesse os explorados aos exploradores era necessária pouco antes de ser assassinado.
ExcluirAbraço!
Tive um professor,especializado em história dos EUA e liberal, na faculdade, que defendeu essa tese nas aulas: Que mesmo King, era meio marxista na medida que ele incorporava em sua estratégia uma luta mais ampla do que a luta dos negros contra o racismo dos brancos. Esta luta seria a luta dos trabalhadores contra os patrões. Mas até agora não tive tempo de reler os textos e aprofundar no assunto.
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