Doses maiores

10 de abril de 2014

Isolado, o voto é personagem principal na farsa eleitoral

Os tempos dos golpes de mão, das revoluções executadas por pequenas minorias conscientes à frente das massas inconscientes já passou. Ali onde se trata de uma transformação completa da organização da sociedade é preciso que as próprias massas cooperem entre si, que elas mesmas já tenham compreendido do que se trata, que elas intervenham (com seu corpo e sua vida).

O texto acima não é sobre as revoluções do século 20. Faz parte da introdução que Engels escreveu para o livro de Marx, “As Lutas de Classes na França”. Escrito em 1895, referia-se ao único caminho capaz de possibilitar a vitória das revoluções socialistas: a iniciativa das multidões de explorados e oprimidos.

Infelizmente, as palavras de Engels foram interpretadas como uma recomendação para que o caminho eleitoral fosse priorizado. E foi isso que o maior partido socialista do início do século 20 começou a fazer. O Partido Social Democrata alemão passou a utilizar a mobilização nas ruas apenas para conquistar grandes bancadas legislativas.

Enquanto os socialistas alemães aprovavam leis, a classe dominante preparava-se para romper todas as legalidades. Hitler subiu ao poder porque liderava a segunda maior bancada no parlamento. Uma vez no governo, instaurou uma ditadura com apoio dos grandes empresários e latifundiários alemães.

Votar periodicamente está longe de ser uma intervenção das “massas” com seu “corpo e sua vida”. Isolado, o sufrágio universal é o principal personagem na farsa que representa uma democracia a serviço dos poderosos. A verdadeira democracia direta está nos movimentos populares, entidades de classe e partidos de esquerda que recusem a disputa eleitoral e institucional como prioridade.

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