Os tempos dos golpes de mão,
das revoluções executadas por pequenas minorias conscientes à frente das massas
inconscientes já passou. Ali onde se trata de uma transformação completa da
organização da sociedade é preciso que as próprias massas cooperem entre si,
que elas mesmas já tenham compreendido do que se trata, que elas intervenham
(com seu corpo e sua vida).
O texto acima não é sobre as
revoluções do século 20. Faz parte da introdução que Engels escreveu para o
livro de Marx, “As Lutas de Classes na França”. Escrito em 1895, referia-se ao
único caminho capaz de possibilitar a vitória das revoluções socialistas: a
iniciativa das multidões de explorados e oprimidos.
Infelizmente, as palavras de
Engels foram interpretadas como uma recomendação para que o caminho eleitoral
fosse priorizado. E foi isso que o maior partido socialista do início do século
20 começou a fazer. O Partido Social Democrata alemão passou a utilizar a
mobilização nas ruas apenas para conquistar grandes bancadas legislativas.
Enquanto os socialistas
alemães aprovavam leis, a classe dominante preparava-se para romper todas as
legalidades. Hitler subiu ao poder porque liderava a segunda maior bancada no
parlamento. Uma vez no governo, instaurou uma ditadura com apoio dos grandes
empresários e latifundiários alemães.
Votar periodicamente está
longe de ser uma intervenção das “massas” com seu “corpo e sua vida”. Isolado,
o sufrágio universal é o principal personagem na farsa que representa uma
democracia a serviço dos poderosos. A verdadeira democracia direta está nos movimentos
populares, entidades de classe e partidos de esquerda que recusem a disputa eleitoral
e institucional como prioridade.
Leia
também: É
preciso mais participação política, não menos
Nenhum comentário:
Postar um comentário