Doses maiores

11 de abril de 2014

O legado da Copa é a luta

O sindicalista sul-africano Eddie Cottle concedeu entrevista a André Antunes para o número 33 da Revista Poli. Ele é diretor da Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira. O tema do depoimento foi o impacto da realização da Copa do Mundo de Futebol nos países em que é realizada.

A experiência sul-africana não foi nada positiva, diz Cottle. Segundo ele, o evento contribuiu para o aumento da desigualdade no país e serviu basicamente para encher de dinheiro os cofres da Fifa e dos empresários envolvidos nas obras e atividades do torneio. Enquanto isso, o governo da África do Sul arcou com gastos que aumentaram 1.709% em relação ao cálculo inicial.

Mas Cottle também mostrou dominar o cenário brasileiro. Disse, por exemplo, que no Brasil, entre 2011 e 2013, 25 greves foram realizadas, envolvendo cerca de 30 mil trabalhadores nos estádios. As conquistas desses movimentos variaram muito. Cottle cita aumentos de 30% a 70% no vale-refeição, e entre 60% e 100% no pagamento de horas extras, vales-transportes, seguro-saúde etc.

Enquanto isso, os patrões nadam em dinheiro. O custo das obras já aumentou 327%, atingindo 3,6 bilhões de dólares, caminhando para ser o mais alto na história das Copas.

O governo e a mídia falam muito em “legado da Copa”. Em obras de mobilidade urbana, equipamentos esportivos, infraestrutura de transporte. Que tudo isso não passa de papo furado, já ficou claro. Mas ainda é possível esperar um outro tipo de herança, muito mais positivo. São as manifestações e greves. É a demonstração de que há muita disposição de luta entre o povo brasileiro.

Acesse a entrevista, clicando aqui

Leia também: Na Copa, democracia racionada, repressão abundante

2 comentários:

  1. Fora as desocupações forçadas, de moradores de favela, promovido pelo Estado, a fim de "higienizar" as cidades para a burguesia estrangeira. É pra acabar!!!

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