Em 2014, Adolfo Hitler acorda em plena
Berlim e começa a circular pela cidade agindo como se os 70 anos desde sua
morte não fizessem diferença. A confusão é grande. Mas não pelos melhores
motivos.
A trama está no livro “Ele está de volta”,
de Timur Vermes, lançado em 2011. Em 2015, ganhou uma adaptação cinematográfica
homônima de David Wnendt.
A produção apresenta situações cômicas.
Mas o filme também assusta e quase faz chorar.
Quando o Hitler ressuscitado sai
pelas ruas, sua presença, em geral, é muito bem recebida. Turistas ou não, muitos
o escolhem para fazer um selfie. A maioria das declarações são música para seus
ouvidos fascistas. Há, principalmente, muita xenofobia racista.
Mesmo misturando situações reais com
cenas dramatizadas, a realidade está presente em quase tudo. E o que mais assusta é o
entusiasmo com que as pessoas abordadas colaboram, demonstrando enorme predisposição
à intolerância extremista.
“Hitler” olha em volta e encontra
todos os elementos que o fizeram poderoso nos anos 1930. Especialmente, a indignação.
Esta última é sua matéria prima para abordar problemas como desemprego elevado,
salários baixos e muita corrupção.
Olhamos para o resto do mundo e vemos
situações bem parecidas. São os problemas estruturais do capitalismo se
espalhando pelos pontos mais importantes do capitalismo global. Frente a eles, tudo o que a direita precisa é de uma democracia limitada ao plano institucional ou uma esquerda fiel executora das receitas neoliberais. Ajustes fiscais
incluídos.
Muito provavelmente, é por isso que,
no Brasil, os fascistas nem precisem ser ressuscitados. Assim como não falta quem
esteja disposto a fazer selfies com eles.
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