É comum que o capitalismo seja
considerado uma “ordem social competitiva”. E muitos identificam nessa dinâmica
apenas uma derivação de leis naturais. A competividade estaria nos genes de
plantas e bichos. A cooperação seria uma exceção que tende a produzir espécies
frágeis.
Não é isso, porém, que mostram
recentes pesquisas divulgadas pela revista “Scientific American”. Sob o título “Pesquisa
sugere que altruísmo é favorecido pelo acaso”, a reportagem relata descobertas
feitas por pesquisadores das Universidades de Bath, Manchester e Princeton.
Os experimentos foram feitos com uma
população composta por colaboradores e trapaceiros. Estes últimos ao invés de
trabalhar para o conjunto, apenas parasitam o trabalho alheio. Pelos padrões darwinistas
mais aceitos, os vagabundos tenderiam a prevalecer.
Mas aí é que surgem os problemas. Quando
os trapaceiros se tornam maioria, há menos produção de alimentos e a existência
de todos fica ameaçada. Enquanto isso, “mais cooperadores significa mais comida
para todos e uma população maior”, concluem as pesquisas.
No caso das espécies estudadas, no
entanto, o acaso é determinante. Afinal, se trata de levedura de cerveja, forma
de vida que está longe de possuir qualquer nível de consciência. Como fica,
então, a situação de nossa espécie, com sua elevada capacidade mental?
Bom, basta olhar à nossa volta. Os trapaceiros
são, na verdade, uma pequena minoria. Apesar disso, são eles que ficam com a
maior parte do que produz a grande maioria. Não são os acasos da natureza que poderão
mudar isso. É a ação consciente.
É por isso que Marx afirmava que ainda
vivemos na pré-história da humanidade. Pouco abaixo da levedura de cerveja, poderíamos
completar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário