Em 25/07, o Blog da Boitempo publicou
“Pokémon Go: temos que resistir”, interessante texto de Sam Kriss.
O marxista inglês começa afirmando
que é importante ficar atento a fenômenos como a recente febre da caça às
pequenas criaturas animadas. Como marxistas, diz ele:
...devemos estar
interessados em mudar o mundo. Não apenas alterar políticas de Estado ou
substituir uma classe dominante por outra, mas transformar a própria
experiência humana da realidade – passar de uma experiência alienada para uma
de liberdade.
No caso do Pokemon, Kriss questiona a
afirmação de que o game leve a um processo de infantilização de seus
praticantes. Afinal, diz ele:
A verdadeira
brincadeira das crianças figura o mundo como uma aventura; é a própria
experiência sensível que é reconfigurada, e revela dimensões inusitadas ao
passar por regimes sucessivos de signos. No Pokémon Go só há uma: todas as
rotas já estão determinadas, todas as eventualidades estão esquadrinhadas, e
todos os pontos de interesse estão marcados e são imutáveis. Não há nem a
possibilidade de um passeio puramente desinteressado uma vez que o Pokémon Go
cria seu mapa e seu território ao mesmo tempo.
Ou seja, o Pokémon estaria em
oposição diametral à inquietação criativa da infância. Na verdade, essa perseguição
guiada por telas de celular transforma-se em busca cega, cujo controle foge ao
perseguidor.
Mas a mesma suspeita deveria recair
sobre outras atividades que costumamos valorizar. Por exemplo, as horas
dedicadas a assistir filmes, séries, novelas, esportes, reality shows. É muito
provável que nesses momentos e ao contrário do que nos quer fazer acreditar o
Pokemon, sejamos nós os caçados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário