Recentemente, foi lançado o filme “Jogo do Dinheiro”,
dirigido por Jodie Foster. A produção denuncia fraudes no mercado financeiro enquanto
problematiza o papel da grande mídia nessas situações.
Um dos aspectos que chama a atenção no filme é a
crescente importância das transações financeiras robotizadas. São algoritmos complexos
que realizam milhares de operações financeiras em frações de segundo.
É exatamente este o tema do recente do livro “A Finança
Digitalizada: Capitalismo Financeiro e Revolução Informacional”, de Edemilson
Paraná. Em 29/08, Patricia Fachin e João Vitor Santos publicaram entrevista com o autor na IHU-Online.
Entre as muitas informações importantes, merece destaque a
crescente confusão de papéis entre jornalismo e especulação financeira. Segundo
Paraná, em 2014:
...dos 150 jornalistas que trabalhavam
em uma grande agência de notícias no Brasil, 120 estavam dedicados apenas à
produção de informações em tempo real para o mercado de capitais. A razão de
tal fato não poderia ser outra: um de seus representantes nos relatou que o
segmento de informações em tempo real para investidores é altamente lucrativo,
com margem de retorno acima dos 30% de ganho, e já é responsável, inclusive,
por quatro quintos de todo o faturamento da agência.
O grande problema, diz ele, é a contradição entre o papel
da imprensa como instituição pública e empreendimento com fins lucrativos. Trata-se
de mais um passo na “colonização do mundo social pela dominância financeira”,
atingindo também “a produção de conhecimento e informação”, conclui Paraná.
No filme, a imprensa acabou ganhando um final feliz. Mas,
na vida real, ela faz parte do mecanismo que justifica o título em inglês da
produção: “Money Monster”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário