Doses maiores

22 de agosto de 2016

Adivinhando o futuro do legado olímpico

Olimpíadas encerradas, um viajante veio do futuro nos revelar que “legado”, afinal, nos foi deixado:

...grandes projetos de reabilitação urbana, particularmente aqueles no centro da cidade e ao longo dos distritos à beira-mar, foram altamente especulativos e destrutivos de muitas maneiras.

A construção da Vila Olímpica e outras instalações:

...provocou a destruição da estrutura social e dos laços que existiam nas áreas antes das intervenções e do desalojamento de pequenos negócios locais, devido às pressões da competitividade econômica, e até a destruição do patrimônio arquitetônico. Além disso, a criação de condomínios fechados e privados, especialmente na Vila Olímpica, representou a privatização do espaço.

Além das dezenas de milhares de famílias despejadas de suas casas:

... níveis de desemprego dispararam, especialmente entre os jovens; esforços para arcar com contas de luz e água tornaram-se uma realidade generalizada; e os riscos reais de exclusão social se multiplicaram.

Mas o tal viajante do tempo não existe. Os trechos acima são do artigo “De Barcelona 1992 ao Rio 2016: Uma história de duas cidades olímpicas”, de Marta Ill-Raga, publicado pelo portal Rioonwatch, em 12/08.

Como o modelo adotado para organizar nossas olimpíadas foi o de Barcelona, o texto somente usa a experiência espanhola para projetar um cenário carioca muito provável.

Por outro lado, em 2015, o quadro social barcelonês, agravado pelos Jogos, levou à eleição de Ada Colau, uma prefeita de esquerda, líder da resistência popular aos despejos.

Seria essa a única previsão positiva? Dificilmente. É cedo para avaliar a administração Colau. E vitórias eleitorais, por si mesmas, raramente dão motivos para otimismo. Melhor apostar em muita luta e resistência. 

Leia também: Museu do Amanhã, Museu da Amnésia

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