O controlador do
Facebook, Mark Zuckerberg, meteu-se em mais uma polêmica. Discutindo como
restringir a divulgação de informações falsas em sua plataforma, ele usou como exemplo
páginas que negam a existência do holocausto judeu. Segundo Zuckerberg não haveria
motivo para vetar um conteúdo desses já que não ameaçaria “diretamente a
segurança dos internautas”.
Seria um típico dilema
entre a liberdade de expressão e a divulgação de mentiras. Seria, mas não é. Afinal,
é sempre bom lembrar que o Facebook é um negócio, e não uma ONG. E um negócio movido
a quantidade de likes.
E na linha do velho sensacionalismo
jornalístico, exageros mentirosos e falsidades continuam a atrair muita
audiência. Muitos likes, no caso.
Outro exemplo envolve o
Twitter. A plataforma anunciou no início de julho a suspensão de 70 milhões de
contas "suspeitas". Elas seriam manejadas por robôs que produzem spam
e contas fake.
Foi o bastante para que
as ações da empresa sofressem oscilações para baixo nas bolsas. Acontece que para
o “mercado”, tal como no caso do Facebook, o que importa é a reprodução de informações
aos milhões, ainda que sejam fraudulentas.
É a economia política
da pós-verdade. Nela, tal como já acontece com as outras
mercadorias, as informações e notícias perdem cada vez mais relação com sua
utilidade prática.
Já não interessa saber o quanto de verdade há numa
informação. Apenas o quão rápida e amplamente ela circula. Quanto mais cliques,
mais ela vale. Os algoritmos dos monopólios digitais que remuneram pelos volume
de acessos não deixam dúvidas sobre isso.
Leia também: A economia política da “pós-verdade” (2)
Sergio, como deve presumir não defendo em nada essa chamadas mídias sociais. Eu só queria entender se existiria salvação dentro dos princípios que ela defende. Como ela poderia controlar a divulgação de notícias falsas entre os milhões de usuários que postam bilhões de informações? Como ela poderia identificar uma notícia falsa como se eu postasse que eu tenho um papagaio que fala mamãe (eu não tenho papagaio), ou que não existiu holocausto? A primeira é impossível de identificar e, lógico, irrelevante; a segunda talvez fosse possível se fosse em um texto evidente, algo como título ou coisa assim, mas, suponha, que no meu post do papagaio embutisse uma informação como a não existência de holocausto. Enfim, como controlar "fakes" de uma mídia que o seu princípio é não só se valer de reproduzir "fakes", mas a sua natureza, até técnica, é "fake"?
ResponderExcluirQuestões difíceis, Marião. Muito. Mas como acontece em relação a muitas outras esferas da vida humana, ajudaria muito se conseguíssemos superar essa ditadura da circulação dos valores de troca sobre o convívio social.
ExcluirAbraço!