Doses maiores

20 de maio de 2020

Na guerra contra o vírus, não estamos todos do mesmo lado

O neurocientista Miguel Nicolelis está à frente do projeto Monitora Covid-19, que começou a ser implantado no Nordeste do País. Em recente entrevista ao jornal Zero Hora ele usou metáforas bélicas para explicar como tudo começou:
Conseguimos ver claramente a migração dos casos: a covid-19 chegou por voos internacionais e adentrou nossas fronteiras, instalando-se nas grandes cidades, primeiro nos bairros de classe média-alta, e dali se espalhou por meio dos entroncamentos rodoviários. A imagem, no mapa do Brasil, é a de uma guerra: há invasão pela costa rumo aos centros maiores para, a partir deles, ocupar de todo o território. É como se estivéssemos sendo invadidos.

(...)

Nos mapas que temos feito, há as regiões que concentram mais casos e a partir das quais o vírus se espalhou. E há aquelas onde ainda há muito pouca incidência da doença. É nessas que as Brigadas Emergenciais têm de ir. É uma estratégia de guerra, mesmo: você domina um território, finca sua bandeira nele e dali tenta se espalhar, tomando os territórios vizinhos.

O projeto merece todo o apoio. Mas ele é iniciativa de governos. E governos costumam fracassar vergonhosamente quando se trata do bem-estar e da vida da maioria.

Sim, o coronavírus-19 entrou pelas portas de luxo do País. Mas são principalmente os mais pobres que estão morrendo. E não, não estamos todos do mesmo lado.

A esquerda e os movimentos sociais precisam entrar nessa guerra contra o covid, mas também contra seus maiores aliados. Aqueles que estão em palácios e mansões. As “brigadas emergenciais” precisam do apoio de brigadas de solidariedade de classe.

Leia também: Bolsonaro, governadores, prefeitos: uma aglomeração genocida

2 comentários:

  1. "As 'brigadas emergenciais' precisam do apoio de brigadas de solidariedade de classe." Muito boa frase e texto. Tem se comentado muito que o governo Bolsonaro também usa de estratégia militar: ele solta suas bombas, caso tenham efeito ele vai ocupando seus espaços. Guerra de guerrilha, guerra de movimento, lembra? Acho que a frase final da "Pílula" é uma boa tática, não militar, mas humanamente possível, e principalmente desejável. Bjs amigo e camarada (como sabe, exatamente nessa ordem).

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    1. Sim, ninguém está falando em tática militar. É tática militante!
      Valeu, amigo e camarada (na mesma ordem exata). Beijos

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