Continuamos a comentar duas recentes entrevistas concedidas por Marcos Nobre sobre as próximas eleições. Nelas, o professor da Unicamp defende a necessidade de unir contra Bolsonaro não só a esquerda, mas também os democratas de direita.
O problema é que a maioria desses “democratas” é formada por golpistas que colocaram Bolsonaro no poder. Para deixar isso mais claro, vale a pena citar o depoimento de Vladimir Safatle para o site Carta Maior. Segundo o filósofo e psicanalista:
Hoje a gente sabe que não houve eleição em 2018. Foi uma eleição de República Velha, completamente forjada. Você tira um candidato e aí vence o candidato que querem eleger. Isso com direito a ameaça das Forças Armadas em relação ao Supremo Tribunal Federal dizendo “se o processo não for esse a coisa muda de figura”.
Safatle se refere à enorme conspiração feita para impedir o PT de vencer as eleições. Um conluio que uniu praticamente todos os que hoje se dizem arrependidos por apoiarem Bolsonaro.
Mas esse suposto arrependimento nada tem a ver com a defesa da democracia. O que os preocupa é o comportamento errático e irresponsável do capitão, escancarado pela pandemia. Mas, principalmente, sua dificuldade em aprovar as reformas ultraliberais que esperavam dele.
Nesse cenário, tanto a recente habilitação eleitoral de Lula como a CPI da Pandemia parecem mais tentativas de colocar um cabresto em Bolsonaro do que uma opção fechada em torno de sua deposição ou derrota em 2022.
Claro que Nobre tem razão ao dizer que Bolsonaro segue forte. Mas nem tanto ao depositar esperanças numa grande frente democrática.
Continua na próxima pílula.
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