O professor da Unicamp Marcos Nobre deu duas entrevistas recentes. Respeitado cientista social e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), ele costuma fazer análises precisas em relação à política institucional.
No depoimento que deu ao Globo, destaque-se o trecho em que Nobre duvida do clima otimista quanto a uma derrota eleitoral de Bolsonaro:
Quando alguém me pergunta se Bolsonaro está fraco ou forte, respondo “nenhuma das duas coisas”. Está forte o suficiente para ir ao segundo turno e evitar um impeachment, e está fraco o suficiente para mostrar a esse eleitorado que ele é alguém que luta permanentemente contra o sistema.
O título da entrevista concedida ao site Marco Zero reforça essa avaliação pessimista: “Bolsonaro é um candidato fortíssimo e as instituições estão em colapso”, disse ele.
Nessa última entrevista, Nobre também chama a atenção para o que significaria a reeleição do atual governo: “...ele vai fechar o país, seguindo os modelos autoritários dos chefes de governo de Polônia, Hungria e Filipinas”.
Tanto na primeira quanto na segunda entrevista, Nobre é convincente em sua argumentação. E como resposta a esse quadro ameaçador para a democracia, ele:
...receita a Frente Ampla, mas sem candidatura única. Uma frente que, no segundo turno, una as esquerdas e a direita não bolsonarista contra o presidente. “Ninguém consegue dar golpe contra 70% da população se esses 70% estiverem com o mesmo intuito de preservar a democracia. Por isso é que é difícil. Mas é o que precisa ser feito.”
Novamente, Nobre tem razão. Mas só no atacado. No varejo, não é bem assim. Continuaremos na próxima pílula.
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Acho que o erro está em pensar que Bolsonaro é um projeto de si mesmo. Ele é apenas o inquilino que festivamente foi alçado a essa posição porque melhor traduzia os interesses do conjunto da burguesia. Lula não vai romper com o pacto de conciliação pelo alto, via apenas torná-lo palatável para os espíritos mais sensíveis. O Brasil vai continuar matando pretos, pobres e brancos pobres como pretos. O que está fortíssima é a burguesia.
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