Toussaint Louverture foi o grande líder da revolução haitiana de 1801. Nascido escravo, conseguiu conquistar sua liberdade liderando a única revolta de escravizados vitoriosa da história. No segundo volume de seu livro “Escravidão”, Laurentino Gomes diz que entre as leituras preferidas de Toussaint:
...estava um livro incendiário: "Uma história filosófica e política dos assentamentos e do comércio dos europeus nas Índias Orientais e Ocidentais", do padre e filósofo jesuíta Guilherme Thomas François Raynal, mais conhecido como abade Raynal, um dos grandes mentores intelectuais das revoluções libertárias do final do século XVIII.
Ainda segundo Gomes, o livro de Raynal “foi proibido em 1772 e queimado em praça pública em toda a França em 1779. O autor, condenado à prisão, a essa altura já estava, prudentemente, refugiado na vizinha Prússia, de onde só voltaria em 1787, às vésperas da Revolução Francesa que ajudaria a inspirar”.
Na obra, diz o jornalista, “Raynal fazia um balanço da colonização europeia na América, do extermínio dos índios e da opressão dos negros africanos. Propunha que eles próprios se rebelassem contra seus senhores, em defesa do que chamava de liberdade natural, assim definida: ‘É o direito que a natureza deu a todo aquele que se dispõe a usá-la de acordo com a sua vontade’”
Gomes lembra que Raynal concluía seu livro com a seguinte exortação:
Povos, cujos rugidos tantas vezes fizeram os senhores tremerem, o que estais esperando? Para quando estais reservando vossas tochas e as pedras que calçam as ruas?
Essas perguntas continuarão ressoando pelos séculos até que não se façam mais necessárias porque já não haverá escravidão de qualquer tipo.
Leia também: Escravidão: quando os de cima se dividem, hora de atacar
Nenhum comentário:
Postar um comentário