“Além de seres humanos acorrentados e marcados a ferro quente, diz Gomes, os porões dos navios negreiros transportavam conhecimentos e habilidades tecnológicas desenvolvidas na África que seriam cruciais na ocupação europeia do Novo Mundo”.
Em seus lugares de origem, afirma o autor:
...os africanos trabalharam como ferreiros, metalúrgicos, escultores e gravadores, prateiros e ourives, ferramenteiros, curtidores de couro e carne salgada, sapateiros, seleiros, tanoeiros, cocheiros, criadores e treinadores de cavalos, vaqueiros, carpinteiros, marinheiros, tecelões e pintores de tecidos, alfaiates e costureiras, cozinheiros, ceramistas, salineiros, projetistas e construtores de casas, armazéns, edifícios públicos, igrejas, estradas, canais e represas, entre outras atividades.
Ainda segundo o jornalista, muitos dos africanos escravizados eram habilidosos criadores de gado e foram fundamentais para o desenvolvimento da pecuária nas Américas.
Até o início do século 18, os colonos portugueses dominavam a técnica de fazer açúcar, mas nada sabiam de garimpo de ouro e diamantes. Coube aos escravizados trazer essa experiência. Em regiões da atual República de Gana, “o ouro em pó era processado e transformado em moedas de alta qualidade. A chamada lavagem aluvial, que consistia na retirada do minério depositado no fundo de rios e alagadiços, era praticada antes ainda da chegada dos portugueses à costa africana”.
São informações importantes. Mostram que, desde o seu início, foi fundamental para o sistema capitalista a sistemática apropriação das técnicas e saberes dos explorados.
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