Luke Munn é um especialista em comunicação neozelandês e acaba de lançar o livro “Automation is a Myth”, ainda sem tradução. Em entrevista ao portal DigiLabour, ele explica que o mito a que o título de seu livro se refere é a ideia de que os sistemas “automatizados” dispensam quase completamente trabalho humano.
Na verdade, diz Munn, esses processos são “sustentados por imensas quantidades de trabalho humano”. Trata-se de trabalhadores que preenchem “as lacunas, os pontos fracos dos sistemas técnicos”. Pessoas que usam suas capacidades “afetivas ou cognitivas para fazer as coisas funcionarem”.
Desse modo, afirma o entrevistado:
...podemos começar a ver como os sistemas automatizados são menos sobre o trabalho em si e mais sobre a embalagem do trabalho – como ele pode ser fatiado e transferido para o elo mais baixo. Para alguém que está legal e operacionalmente distanciado o suficiente da empresa original para evitar qualquer responsabilidade. E no livro, defendo que essa é realmente a maneira pela qual a automação “remove” o humano do trabalho. Ele remove o trabalhador pleno, com pagamento integral, com plenos direitos (seguros, benefícios e assim por diante). E são esses tipos de impactos, ao mesmo tempo mais sutis e patológicos, que passam despercebidos pelo mito da automação, mas que devem exigir nossa atenção.
Esse fenômeno fica muito claro no trabalho por plataformas como Uber, Ifood, Rappi. O objetivo delas, diz o entrevistado, “não é usar mão de obra, mas extraí-la de forma parasita”. Essas empresas conseguem ficar com o “trabalho sem o trabalhador”, explica.
Quando não elimina trabalho humano, a automação capitalista o desumaniza ainda mais.
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É, não entendi, não.
ResponderExcluirNão entendeu nada?
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