“Infocalipse” é um conceito criado por Aviv Ovadya, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Em 2018, ele descrevia esse fenômeno assim:
...à medida que a qualidade das informações no geral diminui, a inteligência de todos os membros da sociedade e de todas as diferentes organizações que a tornam funcional também diminui. E, se você vai muito fundo nisso, a sociedade basicamente desmorona.
Na época, Ovadya afirmou que só chegaríamos a esse ponto se coisas como a falsificação de áudios e vídeos se tornassem frequentes. Cinco anos depois, chegamos lá.
Estamos em plena era das fake news. Mas isso só ocorreu porque sua disseminação em larga escala foi viabilizada pelas redes virtuais. Estas, por sua vez, surgiram como resposta à necessidade de encurtar o tempo de circulação das mercadorias para realizar os lucros nelas embutidos. Google, Facebook, Youtube, Whatsapp, TikTok não são monopólios de interação social, mas de comercialização de publicidade. A principal função dos celulares não é agilizar a comunicação entre as pessoas, mas as trocas mercantis.
Desse modo, as informações sofreram a mesma metamorfose que já havia atingido outras bens sociais. Seu valor de troca vem eliminando seu valor de uso. A informação passou a ser valiosa apenas quando circula rapidamente. Se ela tem ou não alguma relação com fatos objetivos, pouco importa. Importam os cliques, retuítes, likes e zapeadas que movimentam a roda do consumo.
Assim, tudo indica que as fake news vieram para ficar. Pelo menos, enquanto a sociedade permanecer sob a lógica do capital.
Mas e os conceitos de realidade e verdade, como ficam? Bom, ficam para a próxima pílula.
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