Doses maiores

23 de fevereiro de 2012

Muito trabalho no Carnaval

Grande parte da imprensa e do empresariado usa o Carnaval como prova da vagabundice do povo brasileiro. Ao lado da “pesada carga tributária o e excesso de direitos trabalhistas", feriados como este seriam mais um fator de elevação do tal “custo Brasil”.
Em 17/02, reportagem publicada pelo Valor mostrou outro lado da questão. Em “Carnaval do Rio equivale a uma Copa do Mundo”, Paola de Moura cita um estudo de Luiz Carlos Prestes Filho, superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio. Em "Cadeia produtiva da economia do Carnaval", ele diz que a cidade deve receber 850 mil turistas, este ano. Multidão que pode gerar R$ 1,2 bilhão.
Para Prestes Filho, o Carnaval deve ser considerado pelo Estado como uma indústria estruturante, principalmente no Rio, onde ele acontece com grande impacto econômico todos os anos. "Se temos a indústria do petróleo - claro que com um peso muito maior - a indústria da moda, temos também a do Carnaval", diz ele.

Como toda indústria esta também tem que contar com trabalhadores. É o trabalho deles, explorado e mal pago, que possibilita receitas tão altas. São milhares de pessoas dando duro nas praias, bares, restaurantes, hotéis, transportes, segurança e na infra-estrutura de escolas de samba, trios elétricos e blocos.

O mesmo vale para outros destinos turísticos. No nordeste, com destaque para a Bahia, a fama de preguiçosos e vagabundos atinge seus trabalhadores ainda mais fortemente. O fato de esses trabalhadores serem obrigados a sorrir o tempo todo não torna seu trabalho menos cansativo. Ao contrário, a gentileza nem sempre é retribuída. Carnaval assim não é diversão pra todo mundo.

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