“‘Privatização de tudo’ gerou
protestos, que vão continuar”, disse David Harvey à Folha em 21/11. O geógrafo
marxista identifica uma “desilusão generalizada com o processo político”. E
prevê “mais explosões de raiva nos próximos anos – no Egito, na Suécia, no
Brasil etc”.
No mesmo jornal, em 19/11,
Clovis Rossi comenta a vitória no primeiro turno da candidata à presidência do
Chile, Michelle Bachelet: “Computando-se a abstenção, que foi superior à metade
do eleitorado, tem-se que os 47% de Bachelet reduzem-se a menos de um quarto
dos votos possíveis”.
Em 14/11, no Valor, artigo do
tucano Alberto Carlos Almeida aponta o consumo como fator determinante nas eleições
presidenciais desde 1994. Cita “controle da inflação, desemprego, Bolsa
Família, aumento real do salário mínimo” como trunfos dos vencedores. Mas, segundo
ele, “a população quer mais. É o nome desse mais querer que por enquanto não
sabemos”.
Por fim, citemos o 9º
Encontro Nacional de Fé e Política. Entre os participantes, Frei Betto, petista
e amigo pessoal de Lula. Ele recebeu muitos aplausos, ao dizer que nos últimos
dez anos, o governo do PT promoveu muita inclusão social e “nenhuma inclusão
política”.
O significado das jornadas de
junho continua um mistério. Mas é possível que o “quero mais” a que se refere
Almeida seja a “inclusão política” destacada por Betto. Algo capaz de dar rumo às explosões raivosas e diminuir a apatia eleitoral.
Trata-se de aspiração que o atual
sistema político, dominado pelo poder econômico, é incapaz de atender. Tudo indica
que precisamos de mais participação política, não de menos. Principalmente,
nas ruas, bairros, escolas, universidades, locais de trabalho.
Leia também: Juizados
especiais podem ser tribunais de exceção
Genial o Frei Betto: "inclusão social e nenhuma inclusão política". "Ovo de colombo" a respeito do assistencialismo socio-liberal lulista!
ResponderExcluir