Há 40 anos, um jogo de
futebol amador acontece na zona sul de São Paulo. Os times são definidos pela
cor da pele. É o Preto X Branco, que envolve moradores do bairro de S. João
Clímaco e da favela de Heliópolis. Mas é desta última que costuma sair a grande
maioria dos jogadores negros.
Um excelente documentário
sobre o evento é “Preto contra Branco”, de Wagner Morales. O filme mostra as contradições
que a disputa provoca.
Pra começar, é grande a confusão
na hora de separar os jogadores pela cor. A pele mais clara não esconde traços e
cabelos de origem africana. Mesmo assim, muitos negros jogam do lado branco. Dificilmente,
há casos de jogador branco passando-se por preto.
Um dos jogadores é filho de mãe
negra. Para enorme desgosto do pai branco, optou por jogar no lado preto.
No bar, integrantes dos dois
times se reúnem para beber e bater papo. O clima é bom até que começam as
piadas racistas. Os que se assumem negros não gostam.
No calor do jogo, explodem as
ofensas racistas. Mais que isso, alguns brancos lembram aos negros que são os
donos do clube onde a partida é realizada. A rivalidade ameaça descambar para a
violência física. Mas o samba e a bebida no final da partida parecem ajeitar
tudo.
Um jogo desses é perigoso
para a ideologia da democracia racial. Não há times “marrons”, “moreninhos”, “escurinhos”.
A disputa escancara o que deveria ficar escondido. E envolve justamente o esporte mais
popular do País.
Para continuar vencendo o
jogo, o racismo brasileiro não pode entrar em campo.
Clique aqui para assistir
o documentário de Morales.
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