O PT acaba de realizar seu Processo
de Eleições Diretas (PED). Foram eleitos cerca de 100 mil dirigentes em todo
País, de diretórios de bairro à direção nacional. Podiam votar cerca de 800 mil
filiados.
Nenhum outro partido adota
processo semelhante. Muito provavelmente, nem aqui nem no resto do mundo. Por
isso, o PT considera o PED uma enorme demonstração de democracia. Não é. E são
dirigentes do próprio partido que dizem isso.
Renato Simões é deputado
federal e foi um dos candidatos a presidente da legenda. Suas palavras: “Espero
que seja o último PED (...) do PT. O partido trouxe para sua estrutura interna
as mazelas do sistema político que queremos reformar”.
Simões foi derrotado na
disputa. Seu depoimento poderia ser fruto do despeito. Mas não é o caso de Romênio
Pereira. Ele é dirigente nacional do partido e apoiou Rui Falcão, que venceu a
eleição à presidência do PT. Pereira também defende o fim do PED.
O PED foi adotado em 2001. Na
época, muitos militantes alegaram que o processo beneficiaria o poder econômico
e a perpetuação de antigos dirigentes no poder. Não deu outra. O debate morreu
e impera o continuísmo no controle da máquina partidária.
O processo anterior, através
de congressos, também apresentava problemas. Mas eleições diretas envolvendo
centenas de milhares de participantes tendem a reproduzir a maior das
distorções das democracias de massa: a participação passiva do voto solitário.
O PT representou uma
revolução partidária no País. Mas desde que se deixou sequestrar pelo
calendário eleitoral, acumula poder, não democracia. Por isso, fica cada vez
mais à vontade com aliados antidemocráticos.
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