O livro “Pedagogia:
reprodução ou transformação”, de Lauro de Oliveira Lima (1982), é um clássico
da teoria da educação. Discípulo de Piaget, Lima era extremamente crítico à
atual instituição escolar. Para dar uma ideia, segue abaixo a origem
etimológica de alguns termos pedagógicos destacados pelo autor.
A palavra educação vem de “dux”
e “ducis”, em latim “condutor”, “general”. “Educere” significa também puxar a
espada. “Mestre” está ligado a “dominus”, o dono da casa. “Professor” vem do
latim “profieri”, que quer dizer “ir na frente, gritando”, como fazem os “vaqueiros
que conduzem a manada”.
Lente é “lector”. Na Idade
Média, era aquele que lia pergaminhos e papiros para seus alunos. Com o tempo,
o lente terminava por recitar o texto de cor. Provável origem do decoreba de nossos
dias. A expressão latina “in signum” gerou “ensinar” e significa “dar ou
colocar um sinal”, como fazem os pecuaristas com seu gado. No caso das escolas,
o “ferro em brasa” deu lugar a “medalhas, notas e diplomas”.
Tudo isso pode parecer
exagero. Mas serve como provocação para discutir nosso atual modelo pedagógico,
resultado de uma longa evolução autoritária. Escolas são como quartéis que
pretendem formar pessoas prontas a mandar nos de baixo e a obedecer os de cima.
Servem à perfeição para uma sociedade autoritária, voltada para a exploração do
trabalho humano.
Felizmente, os motins dentro
dessas “casernas” escolares são cada vez mais comuns. Para os pedagogos
conservadores, representam a “desmoralização da autoridade do professor”. Para
a educação libertária, são gritos desesperados pela liberdade que deveria estar na
base de todo processo pedagógico.
Leia também: Da pedagogia dos escravos à pedagogia da exploração
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