Doses maiores

27 de abril de 2015

Para deixarmos de ser tão brasileiros

Abril vai findando e Anderson Ulisses resolveu comemorá-lo publicando em seu blog “Fechando abril: Brasil descoberto & Tardios aromas de libertação”.

O belo texto lembra grandes momentos do mês que se encerra. Entre eles, o nada grandioso, mas sempre lembrado, “descobrimento” do Brasil. Momento que nos remete à ideia de “brasilidade” e sobre a qual Anderson nos revela um achado emprestado da professora Vanise Medeiros, da UFF.

Trata-se da escolha do adjetivo “brasileiro” para definir nossa nacionalidade. Segundo o texto, o sufixo “eiro” costuma ser utilizado para profissões, como mineiro, pedreiro, jardineiro. Desse modo, “brasileiro” definia os comerciantes de pau-brasil.

Assim, diz o texto:


... adotamos por nome de nossa nacionalidade a primeira e mais simbólica forma de exploração de nosso próprio país. Ainda damos prosseguimento aa colonização em nós mesmos.
Mas Anderson também lembra eventos mais nobres. É o caso da Revolução dos Cravos e seu papel no fim do colonialismo português em África. Foi este acontecimento, diz ele, que “levou todos esses povos aa libertação”.

Sendo assim, talvez devêssemos negar a Portugal o estatuto de nação até 25 de abril de 1974. Quem sabe, seja o caso de considerar o verdadeiro momento de fundação de uma nação aquele em que seu povo desmantela o domínio que seus senhores impuseram sobre outros povos.

Nesse caso, a nação brasileira ainda estaria por nascer. Ela só viria à luz ao eliminar a “colonização em nós mesmos”, incluindo a que os poderes instituídos impõem às inúmeras autonomias por que luta seu povo tão diverso.

Que venham abris que nos façam, alegre e orgulhosamente, deixar de ser tão brasileiros.

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