Doses maiores

11 de junho de 2015

O Deus Branco e a subjetividade dos animais

Em 2014, o filme de maior sucesso no Festival de Cannes tinha um cão labrador como estrela.

A produção húngara "White God", de Kornel Mundruczó, contava a história de um cachorro que, cansado de maus-tratos, lidera uma “gangue” canina em busca de vingança pelas ruas de Budapeste. Seu alvo é o ser humano, um “Deus Branco” que sempre foi muito cruel com as outras espécies.

Mas essa brutalidade ancestral com outros animais piorou e se ampliou nos últimos 200 anos. A Revolução Industrial violentou não apenas grande parte de nossa espécie, mas nos levou a fazer o mesmo com aquelas que domesticamos.

Como diz Yuval Harari, em seu livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, os animais também têm subjetividade. Ela é produto de leis biológicas, mas nem por isso menos importante.

Aves, bovinos e suínos são os que mais sofrem. Um exemplo basta:


Os porcos estão entre os mais inteligentes e curiosos dos mamíferos, possivelmente só ficam atrás dos grandes primatas. Mas as fazendas industrializadas de criação de porcos adotam a prática rotineira de confinar porcas lactantes dentro de caixotes de madeira tão pequenos que elas literalmente são incapazes de se virar (muito menos caminhar ou procurar comida). As porcas são mantidas nesses caixotes dia e noite durante quatro semanas depois de parir. Sua prole é retirada para ser engordada, e as porcas são inseminadas com a próxima leva de leitões.

Aqueles que lutam contra a exploração e opressão precisam prestar atenção a este tipo de sofrimento. Nossa relação com outros animais também deveria ser um indicador de nosso desenvolvimento como criaturas inteligentes e sensíveis.

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