Doses maiores

25 de junho de 2015

Suicídio indígena, branco e ocidental

Os assassinatos de indígenas no Brasil aumentaram 42% no ano passado. Já seria uma tragédia de grandes proporções, não fosse agravada pelos suicídios, que atingem estes povos como epidemia. 

Apesar de representarem 0,4 % da população, os indígenas são responsáveis por 1% dos suicídios do País. O Mapa da Violência do Ministério da Saúde de 2014 mostra que o índice geral no Brasil é de 5,3 suicídios por 100 mil habitantes. Em alguns municípios com população indígena, esta proporção fica acima de 30.

Os estudiosos deduzem que as principais causas do triste fenômeno estão associadas tanto ao racismo, quanto aos problemas com a constante perda de terras para o agronegócio e grandes obras.

Será, então, que os indígenas estariam enfrentando uma crise muito particular? Não é o que mostram números do livro
“Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Harari. O autor constata a diminuição das mortes violentas ao longo da história humana, ao mesmo tempo que a relativiza.

Segundo Harari, em 2002,
dos 57 milhões de mortos no planeta, apenas 172 mil pessoas morreram em guerras e 569 mil foram vítimas de crimes violentos. Por outro lado, 873 mil cometeram suicídio.

Portanto, parece difícil negar que há uma crise civilizacional. Que ela esteja limitada a populações cujos modos de vida entram em choque com as condições desumanas da sociedade capitalista, já não é tão certo.

Se a morte voluntária é um indicador de desespero social, estamos muito mais próximos dos indígenas do que gostariam de admitir os que desprezam suas culturas a partir de uma posição de pretensa superioridade da civilização branca e ocidental.

Leia também: Nós, os suicidas desavisados


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