Doses maiores

16 de junho de 2015

O PT no lado escuro

É famosa a abordagem dialética da relação entre senhor e escravo de Hegel, segundo a qual nenhum dos dois se realiza como ser humano pleno.

Se o escravo é prisioneiro, a liberdade do senhor está limitada pela necessidade de manter vigilância constante sobre seu cativo.

O único que pode romper essa relação é o escravo, ao lutar por sua liberdade. Já o senhor, exatamente por sua condição de dominador, está condenado a manter seu jugo.

O primeiro olha para a claridade. O segundo, para as trevas.

É esta força emancipadora que torna as forças de esquerda vocacionadas para a luz.

O PT surgiu sob esse brilho. Nasceu das lutas contra a escuridão das leis da ditadura empresarial-militar. Foi parido na condição de péssimo exemplo para a educação moral e cívica dos generais.

O PT não nasceu como reserva ética de uma política institucional que sempre foi suja e excludente. Quando se tornou isso, abandonou a ética classista e libertária que guiou seus primeiros passos.

O PT não surgiu como exemplo de governança eficiente, honesta e voltada para os mais pobres. Ganhou este perfil à medida em que foi assumindo a gerência eficiente de uma secular máquina produtora de injustiça social.

Vocações não são inevitáveis. São possibilidades. E as que se abriram durante a trajetória petista foram sendo abandonadas, uma a uma. A última delas pelo 5º congresso do partido.

Havia quem ainda enxergasse alguns vestígios luminosos da bonita aurora petista. Mas a penumbra fechou-se pesadamente e o escuro finalmente engoliu o PT.

O pior é que as
trevas ameaçam a todos, escravos e senhores.

Leia também: O PT no abismo

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