Doses maiores

7 de dezembro de 2015

Impeachment: entre o terror e o terror

“Antes um fim com terror que um terror sem fim”, diz a famosa frase de Marx em “O 18 Brumário”. E é assim que o governo Dilma parece ter recebido a aprovação do pedido de impeachment.

Diante de todas as incertezas que vêm se arrastando por meses, a definição quanto à possibilidade de deposição da presidenta seria a melhor saída, desde que derrotada a abertura do processo de impeachment.

Admitido o processo, no entanto, um novo período com ainda mais e maiores incertezas deve começar.

Afinal, foram necessários quatro meses para derrubar um presidente completamente desmoralizado e abandonado como Collor. Não é o caso do governo petista, que ainda conta com relativo apoio parlamentar e entre os movimentos sociais.

Além disso, a acusação que pesa sobre Dilma não tem nada a ver com corrupção. As chamadas “pedaladas fiscais” possivelmente nem tenham relação direta com as funções presidenciais. Daí, o caráter golpista do pedido de impeachment.

Por outro lado, um julgamento feito pelo Senado teria um forte caráter político, podendo simplesmente ignorar os fundamentos jurídicos envolvidos.

Portanto, nos muitos meses em que se arrastaria o processo, a pressão popular seria decisiva. Mas se ela será mais favorável ou contrária a Dilma, depende muito do cenário econômico. E este se deteriora rapidamente.

Porém, o que realmente importa destacar é que, na batalha do impeachment, as principais forças políticas institucionais em choque concordam apenas sobre uma questão. Querem tranquilidade para fazer o ajuste neoliberal exigido pelo grande capital.

Ou seja, terror sem fim ou fim com terror podem significar a mesma coisa para a grande maioria da população.

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