Mantelli |
Em 2012, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
concluiu que, desde 2006, os gastos com transporte público subiram mais de 30% para
famílias com renda até meio salário mínimo por pessoa. Mas entre as famílias
com renda acima de oito salários mínimos, houve uma queda superior a 15%.
Estes números ajudam a entender o que detonou as manifestações
de junho de 2013 e por que a luta contra o aumento de passagens e por tarifa
zero são tão radicais. É uma espécie de luta de classes pelo direito à cidade. Mas
não se trata apenas do preço do transporte. O acesso a ele também está em
disputa.
No Rio de Janeiro, por exemplo, desde outubro, a
prefeitura cortou 11 linhas de ônibus entre a Zona Oeste e o Centro da cidade. Oito
linhas entre a Zona Norte e do Centro da cidade à Zona Sul foram eliminadas. Outras
oito linhas foram encurtadas. A redução prevista da frota é de 35% até março de
2016.
O que a prefeitura chama de racionalização parece ter o
objetivo de construir uma cidade com dignidade para poucos. Na verdade, as medidas
procuram dificultar e encarecer o acesso da população pobre às áreas consideradas
nobres, como as praias da Zona Sul, ou que vêm se tornando refúgios de luxo da
cidade, caso da Barra da Tijuca.
O maior pretexto para a implementação de medidas como
essas é a realização dos Jogos Olímpicos. Não à toa, chamados de Jogos da
Exclusão pelos movimentos sociais.
Mais informações no Dossiê
do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas.
Leia também: Rio: cidade olímpica, cidade para poucos
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