Em 08/01, Carta Capital publicou entrevista com a
historiadora portuguesa Raquel Varela, que está lançando o livro “Para Onde Vai
Portugal”.
Uma das principais denúncias da obra é o desastre social
causado pelas dívidas públicas na Europa. Segundo ela:
Vivemos um modelo no qual os
trabalhadores pagam ao Estado, que por sua vez entrega o dinheiro ao setor
privado por meio, entre outros, das Parcerias Público-Privadas.
De fato, apesar das enormes diferenças entre Grécia,
Espanha e Portugal, os orçamentos públicos destes países estão amarrados a
dívidas totalmente desproporcionais em relação aos benefícios que possam ter
gerado.
Esta situação limita drasticamente a adoção de políticas
públicas que amenizem uma desigualdade social que só aumenta. Segundo Raquel:
Em 1945, a diferença entre um rico e
um pobre, ou um trabalhador manual qualificado na Europa, era de 1 para 12. Em
1980, subiu de 1 para 82. E hoje é de 1 para 530.
Tais números, diz ela, transformam a União Europeia em
“uma corporação de acumulação de capitais”, incompatível com a manutenção do
Estado de Bem-Estar Social.
Assim, diz a historiadora, fica claro o fracasso de uma socialdemocracia
que já não tem mais nada a oferecer e se comporta “como uma viúva vítima de
violência doméstica no funeral do marido: ela chora, nem sabe por quê”.
Já no Brasil, o governo Dilma acaba de vetar a realização
da Auditoria da Dívida Pública, prevista pela Constituição Federal, para a
felicidade de rentistas e especuladores.
Ou seja, a socialdemocracia petista não apenas alegra-se por
ver o marido violento gozando de perfeita saúde, como o trata com muito açúcar e
afeto.
Gostei, principalmente em relação a balela que representam estas Parcerias Público-Privadas (devia se chamar PPB: um entra com o pé e outro com a bunda), o grande talismã da socialdemocracia.
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