A imprensa divulgou um estudo mostrando que alguns contos
de fadas podem ter até 6 mil anos.
Quem sabe daqui a alguns séculos, futuros historiadores
descubram algumas das fábulas de nossa época e a compreendam melhor. Um exemplo
poderia ser o caso relatado por Dorrit Harazim no Globo, de 24/01. Em “Nas
franjas da sociedade”, era uma vez a cidade Flint no estado de Michigan, Estados
Unidos.
Flint tornou-se famosa pelo documentário “Roger e eu”, de
Michael Moore, que descreve o abandono a que foi condenada depois que a
indústria automotiva a deixou nos anos 1980. Como, desde então, as coisas só
pioraram, o lugar recebeu o que os neoliberais gostam de chamar de choque de
gestão.
Em 2012, o governador nomeou alguns técnicos para
administrar a cidade com poderes maiores do que os representantes eleitos.
Entre as medidas mais absurdas, em 2014, essa turma desligou a cidade do sistema
hídrico de Detroit e passou a captar as águas poluídas do rio Flint, gerando uma economia
anual de US$ 2 milhões.
Mas o que começou a sair das torneiras das casas foi um líquido
amarelo contaminado por chumbo, causando doenças de todos os tipos. E ferver a
água só aumenta a concentração venenosa. Até a unidade local da General Motors parou
de usar a água pelos problemas que vinha causando suas máquinas, mas a população
continua obrigada a utilizá-la.
Recentemente, depois de muita mobilização, a população de
Flint conseguiu chamar a atenção da grande mídia e das autoridades. Mas não muito
mais que isso.
Fim do conto e não adianta procurar moral alguma nessa
história.
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