No final de novembro, He
Jiankui, cientista da Universidade de Shenzhen, na China, anunciou ter criado
os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo. O objetivo seria tornar imunes
ao vírus do HIV as duas gêmeas nascidas do procedimento.
O anúncio causou uma
onda inicial de indignação. A edição genética de embriões é condenada pela grande
maioria da comunidade científica. É que essa técnica poderia causar problemas imprevisíveis
e irremediáveis para quem as sofre e seus descendentes.
Por isso, a prática é vetada
por lei em vários países. Mas como não há impedimento legal na China, a questão
passou a ser somente ética. Nem tudo o que não é proibido, pode necessariamente
ser feito. É um debate que envolve valores. O maior deles sendo a integridade
da vida humana.
Uma das alegações do geneticista
chinês em sua defesa é que portadores de HIV sofrem muito preconceito em seu
país. De novo, a questão envolve valores. A solução seria priorizar a manipulação
genética ou o combate à discriminação?
O fato é que em se tratando
de valores, aqueles que dominam a sociedade atual estão muito claros. É só observar
as ações de empresas como “Editas”, “Intellia” e “Crispr Therapeutics”, proprietárias
de patentes ligadas à técnica utilizada por He. Nos últimos dias, o preço de seus
papéis disparou, com aumentos entre 10 e 20%.
Há muito conhecimento milenar
acumulado sobre a importância das escolhas humanas. Mas ele continua a ser desprezado
por áreas de pesquisa científica que foram sequestradas pela busca do lucro.
Enfim, tudo indica que o chinês
está no caminho certo. A humanidade é que não.
Leia também: A
transgenia pode ser uma espécie de criacionismo
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