Doses maiores

10 de dezembro de 2018

Um habeas corpus para nossos cérebros

Bilhões são gastos por governos, corporações e investidores no treino de algoritmos de computadores (...) na atual e insana corrida para criar as chamadas inteligências “artificiais”, largamente anunciadas como “AI”. Enquanto isso, o treinamento de nossas crianças e seus cérebros (já superiores aos algoritmos de computador) é subfinanciado. As escolas estão dilapidadas, instaladas em condições precárias, frequentemente em áreas poluídas enquanto os professores são mal pagos e precisam de maior respeito. Como nossas prioridades tornaram-se tão enviesadas?

Na realidade, não há nada de artificial nos algoritmos ou sua inteligência: o termo AI é uma mistificação! O termo que descreve a realidade é “Aprendizado de máquina treinadas por humanos”, na atual e insana luta para treinar estes algoritmos a mimetizar inteligência humana e funcionamento cerebral.

O trecho acima é de Hazel Henderson, fundadora da empresa Ethical Markets Media, em artigo publicado no portal Outras Palavras.

Segundo ela, é urgente “enfrentar o uso desumano de seres humanos, que emprega nossas habilidades, adquiridas com esforço, para treinar algoritmos que depois nos substituem”. São técnicas, afirma, que forçam desempregados e sobreviver na “economia de bicos”. Ou seja, no trabalho precarizado, largamente disseminado por empresas como a Uber.

Diante disso tudo, Hazel propõe ampliar o “habeas corpus”, instrumento jurídico criado em 1215 na Inglaterra. Mais do que dispor de nossos próprios corpos, precisaríamos garantir também a posse de nossos cérebros e de toda a informação que geramos. Seria um “habeas corpus de informação”.

A proposta faz todo o sentido. Mas o que dizer dos muitos lugares no mundo em que nem mesmo o habeas corpus criado no século 13 é respeitado?

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