Os coletes amarelos estão
nas ruas francesas quebrando e queimando tudo. Protestam contra o aumento do preço
do diesel, muito utilizado em veículos leves na França. O governo Macron
alega que a medida visa desestimular o uso de combustíveis sujos.
Não é bem assim. Nuno
Ramos de Almeida em artigo publicado no portal Outras Palavras explica que o presidente francês cortou
4 bilhões de euros de impostos aos mais ricos e 41 bilhões em taxações para grandes
empresas e multinacionais. Também diminuiu em 10 bilhões os tributos sobre
capitais. Enquanto isso, o diesel ficou mais caro para trabalhadores que dependem
dele para se deslocar ou trabalhar.
Tudo indica que o movimento é semelhante às manifestações de 2013 no Brasil. Motins cuja orientação ideológica precisa ser disputada.
Artigo de Rosana
Pinheiro-Machado, disponível no The Intercept, discute a dificuldade das esquerdas em lidar com movimentos
desse tipo:
...a
esquerda precisa disputar, primeiro o que é possível: indivíduos, redes e
inserções. Quando os motoristas de aplicativos pararem – porque isso um dia
deve acontecer –, e o Brasil entrar num novo surto de “o que está
acontecendo?”, seria mais inteligente não exigir carteirinha de “bom
trabalhador” nem check-list de entrada no clube ideológico. Os trabalhadores
precarizados tendem à direita pela própria natureza injusta e individualista de
seu trabalho, mas isso não elimina a injustiça que está lá de forma latente. O
populismo de direita, esse sapo medonho, se veste de príncipe, não escolhe
militante, estende a mão e acolhe. Uma grande parte de nós tem feito o oposto:
rechaçado, ridicularizado e tachado tudo aquilo que não compreende.
Fica a dica.
Leia
também:
Junho de 2013: tentando controlar o que não
pode ser controladoA pedagogia da resistência está nas ruas
Como ocorreu também este ano no Brasil com a greve dos caminhoneiros.
ResponderExcluirObrigada pela pílula.
Sim, é verdade!
ExcluirObrigado pelo apoio.
Abraço