Em
1949, Norbert Wiener, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts,
pioneiro da nova disciplina de “cibernética”, escreveu a Walter Reuther,
presidente do sindicato dos trabalhadores das indústrias automobilísticas,
sediado em Detroit.
Na
carta, ele diz que recebeu solicitação de uma "grande empresa" para
ajudá-la a desenvolver "uma máquina de computação de pequena escala, com
alta velocidade e baixo custo". Tecnicamente, Wiener considerava o projeto
relativamente simples. Mas, socialmente, dizia ele, as implicações eram
preocupantes. Sem dúvida, uma tecnologia dessas levaria à produção sem
trabalhadores, como, por exemplo, uma “linha de montagem automática”. Desse
modo, concluía, uma “situação crítica” surgirá em “dez ou vinte anos”.
Wiener
recusou o pedido da empresa, mas alertou Reuther de que, no futuro, não seria
suficiente adotar uma atitude "passiva". Para ele, os sindicatos
deveriam adquirir os direitos sobre aquelas novas tecnologias ou fazer campanha
para sua supressão.
Mas
o sindicalismo que Reuther representava nunca se propôs a desafiar o controle
do capital dos computadores da maneira que Wiener sugeriu.
No
final da Segunda Guerra Mundial, Detroit possuía a maior renda média entre as
grandes cidades do país. No final dos anos 1990, já não era a capital do
automóvel. Desde a crise de 2009, a entidade perdeu 77% de seus membros.
Cibernética
diz respeito à seguinte questão: quem, ou o quê, governa na era das máquinas
inteligentes. Até o momento, a resposta é o capital. Mas para entender melhor
esse "declínio do trabalhador coletivo de massa” será precisa olhar para o
outro lado dos Estados Unidos: o Vale do Silício.
Interessante a posição de um técnico sobre a questão social que o desenvolvimento tecnológico sob controle do capital pode trazer. Normalmente, técnicos só enxergam desenvolvimentos tecnológicos.
ResponderExcluirSim, uma raridade. Ainda mais que contrastou com a indiferença do sindicalista. Este sim, deveria estar muito mais atento.
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