“Renda
equivalente não evita desigualdade racial no consumo”, diz matéria do Globo de
hoje. A reportagem cita dados de um levantamento da consultoria IDados, com
base na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018 do IBGE.
O
estudo mostra que “negros gastam menos em serviços como educação, saúde e
transporte do que brancos”. Mas que os motivos para isso não são apenas
econômicos.
Marcelo
Paixão, professor da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, estuda
desigualdade racial no Brasil. Segundo ele, o desconforto em consumir em
ambientes dominados pela população branca, como shoppings e educação privada
pode explicar esse consumo menor, mesmo com a renda semelhante.
Paixão
cita, por exemplo, a dificuldade na concessão de créditos para empresários
negros no país. Quase 45% das demandas desse recorte populacional não são
atendidas, enquanto que somente cerca de 30% dos brancos enfrentam esse
problema.
Essa
situação faz lembrar a Lei Afonso Arinos, primeira a considerar crime o
preconceito racial no Brasil. Ela foi aprovada em 1951, após um hotel de luxo
paulista recusar hospedagem à bailarina norte-americana Katherine Dunhan.
Na
prática, essa legislação restringia-se a relações de consumo. Mesmo assim, valia
mais no papel que na realidade. Doze anos depois de aprovada, o marinheiro João
Cândido, herói da Revolta da Chibata, teve sua hospedagem recusada em vários hotéis
do centro do Rio de Janeiro.
E,
como se vê pela reportagem, a situação pouco mudou.
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