Doses maiores

18 de novembro de 2019

Corrida eleitoral rumo ao desespero social

Janio de Freitas, em sua coluna publicada na Folha em 17/11/2019, destaca o “0,1% de crescimento econômico da América Latina neste ano”. A estimativa, diz ele, foi divulgada recentemente pela Cepal, instituição mantida pela ONU para estudos da economia da região.

Segundo o colunista, entre os governantes que mais contribuem para a confirmação dessa previsão estão Jair Bolsonaro e Paulo Guedes:

Da campanha até à posse, os dois falavam em crescimento de 3%, e mesmo de 3,5% neste ano. O previsto está em 0,8%. A caminho da adesão às 17 economias, entre as 20 da região, já comprometidas com o ano de desaceleração. Mas as nossas classes altas não emitiram, até agora, nem a mais sussurrante insatisfação com algo do governo Bolsonaro. Bem ao contrário.

Ratificando o que diz Freitas, há uma recente entrevista com Dan Ioschpe, presidente do Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial, entidade privada mantida pelo empresariado, que reúne 50 representantes de grandes corporações nacionais.

Para ele, provavelmente “nós nunca estivemos em uma situação em que as condições macroeconômicas se aproximavam de uma favorabilidade como a atual".“Favorabilidade”. As condições são certamente muito favoráveis para o aumento vertiginoso da exploração econômica e desigualdade social.

Chile e Bolívia estão em pé de guerra. Mas o crescimento anual da economia dos dois países ficou bem acima do nosso no último período: 2% no primeiro, 5% na segunda. Mantidas as “condições macroeconômicas” elogiadas pelo representante patronal, dificilmente o Brasil escapará de uma situação social tão ou mais desesperadora que a de seus vizinhos.

Mas há quem prefira manter-se na corrida eleitoral jamais abandonada por Bolsonaro.

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